plugue-se, ligue-se, vá Longe!

terça-feira, 24 de julho de 2007

Nação Zumbi e Mamelo Sound System - 30/06/2007









Com essa resenha tenho a difícil missão de narrar a apresentação de uma das bandas que mais gosto.

De quem já ocuparou o primeiro lugar no ranking das mais ouvidas no meu rádio, posso citar 3 nomes que realmente marcaram época nos meus fones de ouvido: Raimundos, Ramones e Nação Zumbi (nessa ordem).

A primeira dessas, pude acompanhar a maior parte da carreira, desde o auge até o fim, mas eu era muito novo na época em que a banda estava com gás total e então só estive em um show com a formação clássica nos palcos. Logo mais o Rodolfo largou os Raimundos e de lá pra cá, embora ainda com shows muito bons, a banda enfrenta momentos complicados.

A segunda é a mais marcante. Provavelmente pelo posto de lenda que ela tomou já que, quando me despertei para o punk rock dos Ramones, a banda já havia encerrado suas atividades. De lá pra cá pude apenas acompanhar, com enorme pesar, a baixa causada pelo falecimento dos grandes líderes da banda (Joey, Dee Dee e Johnny).

A terceira é a top atual. Surgida no início dos anos 90 a banda foi liderada pelo mito Chico Science. Depois de um trágico acidente de carro que tirou a vida do vocalista. O, então percussionista da banda, Jorge DuPeixe assumiu os vocais e a função de principal compositor do grupo que teve a difícil missão de continuar sem a presença do amigo e um dos maiores compositores e interpretes da música brasileira. A tarefa foi alcançada com grande propriedade pelo grupo que continuou a trilhar a banda no caminho da inovação e criatividade trazendo ao público trabalhos premiados e de qualidade inigualável dentro e fora do país.

Com o vocal único e grave de Jorge DuPeixe, guitarra swingada e psicodélica de Lúcio Maia, baixo marcante de Dengue, bateria quebrada, swingada e polirítmica de Pupilo e a percussão criativa e inovadora fechando com chave de ouro a formação por Toca Ogan, Gilmar Bolla8, Matias e DaLua o último trabalho da banda foi o disco Futura. Lançado em 2005 é considerado por muitos o melhor trabalho do grupo, algo que nem me atrevo a opinar pois cada vez que escuto um dos 5 discos (considerando os álbuns de inéditas) tenho a impressão de escutar o melhor entre eles. Posso afirmar que a Nação Zumbi é uma das pouquíssimas bandas no mundo que conseguiram manter o nível de qualidade e criatividade por tanto tempo.

Conheci a banda já a algum tempo, ainda antes do lançamento do disco Futura, atravéz do álbum Nação Zumbi emprestado pelo padre do meu bairro (Padre Jair). Entrei em contato com um dos álbuns mais macantes da minha vida (dividingo espaço com a coletânea RamonesMania e o segundo do Raimundos - Lavô tá Novo). E foi então, no show de lançamento do álbum Futura no Citibank Music Hall em outubro de 2006, que me despertei de vez pra mistura singular e viciante da Nação Zumbi.

A banda tinha em alguns sons os reefs e batidas pesadas e enérgicas o suficiente pra me chamar a atenção. Alguém que tinha o gosto musical pautado no punk, hardcore e metal via no som da Nação os elementos necessários que justificassem um pouco de atenção. E à partir daí, aberto ao que estava por vir, descobri um mundo de possibilidades nas misturas da música global com a regional, da eletrônica com a orgânica, da americana com a européia e africana ou qualquer outra mistura que pudesse resultar em algo interessante.

Foi ai que me despertei de vez pra música. Passei a dar mais valor a algo que sempre esteve bem próximo e presente (muito graças ao gosto pela boa música e ecletismo que meus pais sempre tiveram) mas que não recebia tanta atenção quanto merecia. É certo que sempre ouvi um pouco de tudo, mas sem tanto entusiasmo. Agora o punk, o metal e o bom e velho rock’n roll receberam definitivamente a companhia ilustre do samba, bossa nova, baião, mpb, black music, música jamaicana e qualquer coisa que soasse bem aos ouvidos.

Explicado o impacto causado pelo contato com essa banda de méritos incontáveis vale citar que, desde então, não perdi uma só apresentação da banda em São Paulo. Se não esqueci algum na contagem, foram 7 shows. E o sétimo é o tema desta resenha.

Cheguei em Santo André como quem vai pra lá desde criança. Sem saber o caminho, três perguntas em três postos de gasolina resolveram o problema. O show, apesar de um pouco longe, foi imperdível. Além de Nação Zumbi também tocou Mamelo Sound System, grupo que eu vinha ouvindo a algum tempo - faz um Dub abrasileirado da melhor qualidade. O show fazia parte de um projeto chamado Balanço BR-7 que levou as duas bandas junto com a discotecagem do DJ Paulão em turnê por alguns SESCs do estado de São Paulo.

Parti de Guarulhos com o Smyters e chegando lá nos encontramos com a Erika e a Débora – duas ótimas companheiras pra shows da Nação Zumbi e similares, praticamente duas tietes da banda (no melhor dos sentidos). O som do DJ Paulão já estava rolando, no set-list Jorge Ben, Tim Maia e muito funk, soul e samba - perfeito pra escutar tomando uma cerveja e aliviar a ansiedade da espera.

Em algum tempo foi anunciada a entrada do Mamelo Sound System. Fomos para a frente do palco e assistimos à entrada do carismático MC do grupo Rodrigo Brandão junto com os DJs e com o convidado Toca Ogan para a música de abertura. Esse primeiro som foi como uma invocação da ajuda divina pra que tudo corresse bem. Som eletrônico fazendo a base, solo de conga pelo maestro dos tambores Toca Ogan e “um certo capitão Rodrigo” comandando o microfone. Com as energias positivas invocadas, Toca sai do palco e dá a vez para a estilosa MC Lurdes da Luz que completou o time do Mamelo em cima do palco. Mandaram muito bem e superaram as expectativas para o primeiro show que vi deles. Pretendo ver outros com certeza. No set-list as músicas do último CD - Velha-Guarda 22 - tiveram certa prioridade em relação aos sons dos outros álbuns da banda. Vô-Q-Vô, Festa/Luta, Minha Mae Diz, Bença, Balanço & Chumbo Grosso, Isso Aqui Não É 1 Teste!, Gorila Urbano e Zulu/Zumbi (com a memorável participação do Jorge DuPeixe) foram alguns dos vários sons tocados pelo grupo que abriu as apresentasções no melhor estilo e da melhor forma possível. Com a frente do palco tomada pela dupla de MCs agitaram o público e satisfizeram a quem foi atráz de boa música.

O show já teria valido por aí e eu voltaria satisfeito pra Guarulhos City - a não ser pelo fato de que em poucos instantes estaria em cima do palco a melhor banda nacional da atualidade (e pra mim não tem banda gringa que bata de frente). E assim foi. Algum tempo com a discotecagem do DJ Paulão e lá estava eu novamente, pela sétima vez na frente de um palco com a banda que mais gosto.

Hoje, Amanhã e Depois, como em vários dos últimos shows da banda, foi a música de abertura. Faixa do último álbum da banda e música de trabalho que tem rolado nas radios. Dificilmente alguma coisa pra mim ali seria novidade mas isso já não importava. Mesmo sabendo de cor o que seria feito em cima do palco, ainda assim valia bastante estar ali. Vou ser reservado em citar o set-list pois posso confundir com o que rolou nos outros shows que estive. Maracatu Atômico, Macô, A Praieira e Da Lama ao Caos (com a participação de Rodrigo Brandão) foram alguns dos sons da época de Chico Science que ganharam uma nova cara com a formação atual. Quando a Maré Encher, Remédios (com vocal alucinado de Toca Ogan), Blunt of Judah, Meu Maracatu Pesa uma Tonelada, Propaganda, Memorando e A Ilha são outros sons que tenho certeza que rolaram.

O show dessa fez foi um pouco mais curto, a banda estava com problemas nos samplers e talvez até já um pouco cansados da longa turnê, com pouca mudança de repertório e pouca novidade (algo que provavelmente deve cansar esses músicos que vivem em constante mutação). Por isso acredito que não estivessem tão animados quanto nos outros shows que estive. De qualquer forma foi algo imperdível e memorável assim como todas as outras apresentações da banda. Ainda vale a oportunidade de registrar aqui um show deles como forma de fazer referencia a tantos outros que fui antes da criação do blog e ficaram de fora.

O Jorge DuPeixe anunciou que até Outubro ou Novembro deve sair o novo álbum da banda.
A grana pro CD e pros próximos shows já está reservada!




Indicações

Crédito das Fotos
- Luiz Felipe: www.flickr.com/photos/luizfelipel8

Valeu, Abraços!
One, Two, Three, Four!
Bruno Marcel

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial